09/08/2014 - Meteorologia Aeronáutica
A informação meteorológica é vital para a segurança das operações aéreas, contribuindo para o conforto dos passageiros e facilitando o estabelecimento de rotas mais rápidas, econômicas e de voos regulares.
Embora os avanços da tecnologia aeronáutica tenham tornado as viagens menos sensíveis a determinados aspectos do estado do tempo, a meteorologia continua, e sempre continuará, a ser essencial para a eficiência das operações de voo. Cada vez mais, além da segurança, busca-se um melhor aproveitamento do espaço aéreo, e, nesse contexto, as informações meteorológicas são decisivas.
O conhecimento das condições meteorológicas reinantes nos aeródromos de partida e destino é imprescindível para a realização ou não do seu voo. Além disso, ele precisa saber se a operação dos aeródromos vai sofrer alterações por motivos meteorológicos, necessitando, então, de informações precisas relativas ao teto, à visibilidade, ao tempo presente, ao vento, bem como a que horas deverão ocorrer essas mudanças e por quanto tempo prevalecerão.
É imprescindível conhecer as condições em rota: direção e velocidade do vento ao longo da mesma, ocorrência de formação de gelo, de turbulência e tempestades de trovoadas associadas a nuvens cúmulus-nimbus (CB), que possam acarretar desvios de rota e, por conseqüência, maior consumo de combustível.
Além da visibilidade, é importante saber se a variação do vento interferirá na cabeceira da pista em uso e a que horas isto ocorrerá, bem como se a sua intensidade poderá comprometer a operação.
A formação de trovoadas associadas a nuvens CB requer a previsão da hora de início, duração e sua extensão. Assim será possível avaliar o comprometimento operacional em virtude da limitação do espaço aéreo, ou seja, se o número de aeronaves na área terminal deverá ser reduzido.
É imprescindível, para um ACC, saber quais as rotas aéreas que estão sob a influência de condições meteorológicas adversas, interferindo na operação. Ter a perfeita noção do momento em que novas rotas serão afetadas operacionalmente, qual volume do espaço aéreo será comprometido e o desvio mais seguro nestas condições.
A meteorologia destaca-se, também, pelo apoio específico aos diversos tipos de operações. O nível em que ocorrerá a trilha de condensação é fundamental para o desenvolvimento de operações estratégicas e para a Aviação de Transporte, o vento nas camadas da atmosfera sobre a Zona de Lançamento de carga e de pára-quedistas. Nas missões de infiltração aérea, em terreno inimigo, o lançamento de pára-quedistas com velame aberto requer da meteorologia a distância e a radial de salto, para que, sob o planeio do vento, se atinja o alvo proposto.
A necessidade de se obter informações precisas e atualizadas sobre as condições meteorológicas locais nos aeródromos e ao longo das rotas aéreas, torna-se ainda mais essencial com o aumento do fluxo de tráfego aéreo. Desse modo, instrumentos e equipamentos de observação meteorológicos modernos e atualizados, bem como prognósticos meteorológicos cada vez mais confiáveis, desempenham um papel de vital importância operacional.
No DECEA a atividade de Meteorologia Aeronáutica é executada pelo Subdepartamento de Operações (SDOP), que atua alicerçado pela seguinte estrutura:
Esta rede opera incorporando todos os dados observacionais e prognosticados. É responsável pela divulgação das informações meteorológicas para toda a navegação aérea. A prestação desse serviço está associada aos subsistemas de visualização, tratamento e difusão dos dados meteorológicos (REDEMET). Compõem essa rede:
O Serviço de Meteorologia Aeronáutica opera duas bases de dados. O Banco OPMET visa a atender às necessidades imediatas da navegação aérea, por intermédio do fornecimento de boletins meteorológicos rotineiros (METAR, TAF, SPECI, SIGMET), nacionais e internacionais. O Banco de Climatologia Aeronáutica destina-se a prover os sumários climatológicos dos diversos aeródromos do País e a manter uma base estatística de dados climatológicos aplicáveis à aviação e ao planejamento estratégico, técnico e operacional.
As informações meteorológicas são divulgadas pela Rede de Telecomunicações Fixas Aeronáuticas (AFTN) e pelo Website de Meteorologia Aeronáutica (REDEMET).
A REDEMET é o principal meio de veiculação das informações operacionais. Visa a integrar os produtos meteorológicos, a fim de tornar o acesso a essas informações mais rápido, eficiente e seguro. É também o meio oficial do Comando da Aeronáutica para divulgá-las, interligando os órgãos de meteorologia do SISCEAB, por meio da Internet (http://www.redemet.aer.mil.br). Além disso, possibilita a consulta e inserção de informações meteorológicas no Banco OPMET e disponibiliza produtos gerados pela rede de radares e satélites meteorológicos.
Esta rede é constituída pelos elementos de coleta de dados meteorológicos a serem processados e difundidos aos órgãos operacionais e climatológicos, em que se destaca o monitoramento contínuo e eficiente do meio atmosférico. As informações coletadas pelas Redes de Estações Meteorológicas constituem a base de todo o serviço meteorológico a ser prestado à navegação aérea.
As estações meteorológicas que integram essa rede são classificadas, conforme suas características, em Estações Meteorológicas de Superfície (EMS) - classes I, II e III; Estações Meteorológicas de Altitude (EMA) e Estações de Radar Meteorológico (ERM).
As EMS são implantadas nos aeródromos e coletam dados meteorológicos representativos das condições na pista de pouso. São equipadas com sensores automáticos para obtenção de medidas de direção e velocidade do vento, altura da base das nuvens, alcance visual na pista (RVR), pressão no nível do mar para ajuste do altímetro, pressão no nível da pista, temperaturas do ar e do ponto de orvalho.
Os dados colhidos são codificados nas mensagens METAR, SPECI e SYNOP e transmitidos aos bancos de dados, para uso dos serviços de meteorologia, da navegação aérea e dos demais usuários.
As EMA são equipadas com sistemas destinados a observar e a traçar o perfil vertical de temperatura, pressão, umidade, direção e velocidade do vento nas diversas camadas da atmosfera. As sondagens são executadas por meio de um balão, lançado na atmosfera, contendo gás hidrogênio, ao qual é presa uma sonda dotada de sensores, bem como de um sistema GPS para precisar os dados de vento em altitude.
As informações colhidas por uma EMA são codificadas e transmitidas para emprego da Meteorologia Aeronáutica. São informações importantes para o Banco de Dados do Sistema de Vigilância Meteorológica Mundial da Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
As ERM visam a complementar a vigilância meteorológica em áreas de elevada densidade de tráfego aéreo e onde ocorram condições meteorológicas adversas às operações aéreas. São de fundamental importância para a detecção, análise e exposição dos fenômenos meteorológicos, georeferenciados, facilitando, dessa forma, seu emprego como apoio às operações aéreas.
Essas estações são operadas pelos Centros Meteorológicos de Vigilância (CMV) e seus produtos são disseminados na Rede de Centros Meteorológicos. Por representarem as condições meteorológicas em tempo real, as estações são extremamente úteis para a previsão meteorológica de curto prazo.
Matéria do link: http://www.decea.gov.br/espaco-aereo/meteorologia-aeronautica/